Depois de perder por 2×0 no jogo de ida, o Palestra precisava de uma vitória com diferença de 3 gols para avançar.
O Palmeiras jogou bem, criou muitas chances e viu o atacante Kleber quebrar um incômodo jejum de dez partidas sem gol. Luan marcou o primeiro, e Marcos Assunção completou o placar, já no último lance da partida.
Em um momento em que o jogo se encaminhava para uma virada histórica do Palmeiras, que vencia por 2 a 0, o volante vascaíno Jumar acertou um chute quase sobrenatural da intermediária. O gol obrigou o Palmeiras a fazer mais 2 para avançar.
Nem a mística foi suficiente para garantir a classificação. O Palestra estreou sua nova terceira camisa, remetendo aos mantos alviverdes utilizados em grandes conquistas do clube nos anos 1990, que contou com ídolos alviverdes inquestionáveis como Evair, Edmundo e César Sampaio (estes dois últimos, presentes antes da partida para lançar a camisa).
Jogo de volta válido pela segunda fase da Copa Sul-Americana 2011.
FICHA TÉCNICA:
Estádio: Pacaembu, São Paulo (SP)
Data/hora: 25/8/2011 – 20h15 (de Brasília)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa-PR)
Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa-PR) e Carlos Berkenbrock (Fifa-SC)
Renda/público: R$ 291.048,00 e 9.493 pagantes
Cartões amarelos: Gabriel Silva, Maikon Leite (PAL); Allan, Renato Silva (VAS)
GOLS: Luan, 12’/1ºT (1-0); Kleber, 8’/2ºT (2-0); Jumar, 12’/2ºT (2-1); Marcos Assunção, 47’/2ºT (3-1)
PALMEIRAS 3
Marcos; Cicinho, Henrique, Thiago Heleno e Gabriel Silva; Márcio Araújo, Marcos Assunção e Valdivia; Luan, Kleber e Maikon Leite (Vinícius, 25’/2ºT).
Técnico: Luiz Felipe Scolari.
VASCO 1
Fernando Prass, Allan, Dedé, Renato Silva e Márcio Careca; Rômulo, Jumar, Bernardo e Diego Souza; Leandro (Fagner, 15’/2ºT) e Elton.
Técnico: Ricardo Gomes
Palmeiras vence, mas gol de Jumar classifica o Vasco na Sul-Americana
Verdão abre dois gols de vantagem, mas petardo de ex-jogador palmeirense decreta 3 a 1 e vaga aos cariocas. Torcida sai aplaudindo time de casa
O palmeirense não fala com muito entusiasmo no nome de Jumar, volante que passou pelo clube entre 2008 e 2009 e saiu sem deixar saudades. Pois foi o renegado que, vestindo a camisa do Vasco, tratou de calar o Pacaembu. Talvez amargurado com a canção “Eu tenho medo do Jumar”, criada de forma jocosa, talvez querendo mostrar serviço para Ricardo Gomes, o fato é que o volante jogou bem.
Foi dele o gol – num petardo de longe, cheio de efeito, deixando Marcos estático – que classificou o time carioca para as oitavas de final da Copa Sul-Americana, na derrota por 3 a 1, na noite desta quinta-feira. A vaga foi obtida no critério de gols fora de casa, já que em São Januário, na partida de ida, o Vasco havia vencido por 2 a 0.
A equipe de Ricardo Gomes atuou com seis reservas, sem nomes do quilate de Juninho, poupado para o clássico de domingo contra o Flamengo, pelo Brasileirão. Mesmo assim, endureceu o jogo e segurou a pressão final, diante de um público de 9.993 pagantes (com renda de R$ 291.048). O Vasco, que já está na Libertadores de 2012 por ser o campeão da Copa do Brasil, enfrentará agora o vencedor do confronto entre Aurora-BOL e Nacional-PAR, que só será conhecido em 20 de setembro.
O Palmeiras jogou bem, criou muitas chances e viu o atacante Kleber quebrar um incômodo jejum de dez partidas sem gol. Luan marcou o primeiro, e Marcos Assunção completou o placar, já no último lance da partida. Fica o consolo de ter agradado a torcida no dia da estreia da nova terceira camisa, listrada em verde em branco em homenagem aos tempos de conquistas dos anos 90. O clube faz aniversário de 97 anos nesta sexta-feira, mas terá poucos motivos para comemorar. Resta a preparação para encarar o Corinthians no domingo, pelo nacional.
Ataque sem medo
Luiz Felipe Scolari armou sua equipe para atacar sem vergonha, sem medo. Ricardo Gomes montou um Vasco para jogar com o regulamento, segurando um pouco mais as ações. Palmeirenses e cruz-maltinos obedeceram rigorosamente aquilo que foi proposto, e por isso os donos da casa começaram bem adiantados, avançando com seis ou sete jogadores e mostrando enorme volume de jogo.
Fora do banco de reservas por opção (está suspenso por dois jogos, mas só no Brasileiro), Felipão viu lá de cima o auxiliar Flávio Murtosa utilizar a todo momento sua área técnica para gritar com os atacantes, pedindo ousadia, objetividade, tudo que pudesse levar perigo ao adversário. Assim foi com Kleber, que perdeu a primeira grande chance, com Valdivia, melhor na raça do que na técnica, e também com Luan.
Logo aos 21 minutos, o volume deu resultado com uma bola que sobrou limpa para Luan fazer 1 a 0 para o Palmeiras, aproveitando rebote de chute de Valdivia. Não fossem os insistentes pedidos de Murtosa, talvez ninguém estivesse ali, sozinho, pronto para arrematar a bola espalmada por Fernando Prass. A ousadia levantou a torcida palmeirense, que pressionou demais o rival e o árbitro Heber Roberto Lopes, alvo de críticas.
Antes recuado, o Vasco resolveu colocar a bola no chão. Tem bons jogadores para isso, mas não os utilizava. Quando Diego Souza passou a participar, a equipe carioca melhorou e ficou mais tempo no ataque. Leandro exigiu uma defesaça de Marcos em chute de curva, consciente, que iria parar no ângulo esquerdo. Não bastasse o perigo lá na frente, o time de Ricardo Gomes soube parar o jogo e usar o tempo a seu favor. A total falta de pressa tirou a paciência dos palmeirenses. Irritado com o “pé no freio” dos minutos finais, Felipão desceu correndo das tribunas para o vestiário. O início promissor não iludiu o técnico, que prometia uma bronca homérica em seus comandados.
Medo de Jumar?
Mais ligado após a bronca de Felipão, o Palmeiras tentou resolver logo as coisas. Até o volante Chico se lançou, e foi com ele que começou a jogada do segundo gol. O avanço do defensor atraiu a marcação, que deixou Kleber livre na marca do pênalti para completar cruzamento de Luan, logo aos oito minutos. Com o grito engasgado, o Gladiador foi em direção à torcida organizada e comemorou muito, num indício de paz após tantas polêmicas que nortearam seus dez jogos sem balançar a rede.
A torcida explodiu e fez do Pacaembu um caldeirão mesmo sem o estádio lotado. O Verdão continuou em cima, já querendo o terceiro gol e a consagração. Mas aí Jumar apareceu. O volante não se abalou com os 2 a 0 que levavam a decisão para os pênaltis. Aos 12, deixou a vergonha de lado e resolveu arriscar do meio da rua. A bomba fez uma curva tão inesperada que nem Marcos teve reação. O “Santo” ficou só olhando a bola acertar a rede: 2 a 1 no placar, e ducha de água fria após menos de quatro minutos de empolgação.
Depois disso, só desespero. Bola alçada, reclamações sem parar com a arbitragem e nervosismo, muito nervosismo. Começou na arquibancada e chegou ao campo, com o time parando de fazer jogadas pensadas e apostando nas bolas alçadas de Marcos Assunção. E o Vasco na dele, só esperando o tempo passar… No último lance do jogo, foi Assunção quem fez o terceiro, ainda insuficiente para a classificação.
Em meio ao furacão alviverde, os 11 homens de preto eram poços de tranquilidade. E foram eles que comemoraram a vaga na próxima fase. Ao Palmeiras restou o consolo de sair aplaudido pela torcida, em reconhecimento à garra demonstrada. Mas é muito pouco para um grande clube que quer retomar seu caminho de glórias.