Com um empate em 13/05/1916 o Verdão dava o pontapé inicial numa competição oficial.
A estreia foi contra o Mackenzie pelo Paulistão 1916 disputado com clubes participantes da Associação Paulista de Sports Athleticos (APEA). Existia também o Paulistão da Liga Paulista Foot-Ball (LPF). Ambos são reconhecidos pela Federação Paulista de Futebol.
O resultado foi comemorado, já que o Mackenzie era o vice-campeão Paulista de 1915.
Jogo válido pela 1ª rodada do Paulistão 1916 (APEA).
FICHA TÉCNICA
LOCAL: Estádio da Floresta
DATA-HORA: 13/05/1916 – 16hs
ÁRBITRO: Irineu Malta
GOLS: Vescovini (Palestra) e Zecchi (Mackenzie)
MACKENZIE: Arnaldo; Plínio e Claudino; Campos, Pestana e Shelders; Jarbas, Oscar, Maciel, Zecchi e Cassiano
PALESTRA ITALIA: Fabbrini, Grimaldi, Bianco, Ricco, Fabbio II, De Biasi, Gobbato, Valle II, Dante Vescovini, Bernardini e Cestari. Técnico: Giuseppe Roberti
Cem anos valendo pontos
13/05/2016 por claudiork
Você que nos lê agora certamente gosta de futebol. Deve bater uma bolinha de vez em quando; quem sabe até faça parte de um time que já jogou o campeonato do bairro, da faculdade, da firma. Imagine então se sua equipe conseguisse ir além desse nível e pudesse disputar um torneio oficial. Seria certamente um dia histórico, não?
Pois é: esta foi a fronteira ultrapassada pelo Palestra Italia há exatos 100 anos. Foi em 13 de maio de 1916, 28º aniversário da abolição da escravatura, que o clube de menos de dois anos de idade entrou no campo da Floresta envergando a Cruz de Savoia para ganhar o primeiro ponto de sua história.
Desde 1915 o Palestra pleiteava inscrição à APSA (Associação Paulista de Sports Athleticos), que organizava um dos torneios estaduais de então – na época vigia a cisão do Campeonato Paulista entre ela e a LPF, Liga Paulista de Foot-ball. O clube, contudo, foi recusado em seu primeiro ano de vida.
O quadro mudou em 1916 com a exclusão do Scottish Wanderers, acusado de profissionalismo. Talvez o Palestra até conseguisse vaga no torneio sem este fato (afinal eram sete os participantes), porém a saída dos escoceses facilitou a entrada da equipe tricolor (sim, verde, branco e um tantinho de vermelho). Justamente naquele ano, porém, o Corinthians estava na LPF (uma consequência do confronto entre clubes de elite e populares; mais sobre o tema pode ser lido aqui) e por esta razão o Derby só nasceria um ano depois.
Enfim, o fato é que às 16 horas daquele sábado o árbitro Irineu Malta deu início não só à partida e ao Campeonato Paulista daquele ano (era o jogo inaugural do torneio), como a uma história que hoje completa uma centena de anos. Veja como o match foi anunciado no jornal O Estado de S. Paulo daquele dia:
Com a bola rolando, Zecchi abriu o placar para o Mackenzie; o Palestra Italia empatou ainda no primeiro tempo com Dante Vescovini (algumas fontes dizem Valle II, mas nos parece que isto está errado). E o placar não mais se alterou. O estreante do dia não foi dobrado por um clube que participava pela 11ª vez do torneio, e começou com um bom resultado sua trajetória rumo ao gigantismo nas competições que disputa. Eis o relato do jogo no Estadão:
No fim das contas, acabou sendo um torneio de aprendizado: o Palestra venceu apenas 2 dos 12 jogos (Ypiranga, na segunda rodada, e o Santos, no primeiro jogo oficial do Alviverde que futuramente seria definido como clássico) e acabou em sexto, à frente somente do time que homenagearia 26 anos depois em meio à Segunda Guerra. O Mackenzie foi o terceiro, e o Paulistano terminou com o primeiro título da sequência que culminou no único tetracampeonato paulista – que não virou penta porque o jovem time de 1914 já não era tão jovem assim em 1920, e em seu quinto ano conquistou sua primeira taça.
Há 100 anos, Palestra Itália disputou primeiro jogo oficial de sua história
Publicado em 13/05/2016, 09:18 /Atualizado em 13/05/2016, 09:25
O maior ganhador de títulos nacionais do futebol brasileiro disputou a primeira partida oficial de sua história há exatos 100 anos. No dia 13 de maio de 1916, o Palestra Itália entrou em campo para enfrentar o Mackenzie na estreia pelo Campeonato Paulista e iniciou a trajetória hoje continuada pela Sociedade Esportiva Palmeiras.
Inspirados por recentes excursões de Torino e Pro-Vercelli a São Paulo, Ezequiel Simone, Luigi Cervo, Luigi Marzo e Vincenzo Ragognetti encabeçaram a criação de um clube para congregar a numerosa colônia italiana na capital paulista. Em 26 de agosto de 1914, após reunião com aproximadamente 46 pessoas, nasceu o Palestra Itália.
Outros clubes com o mesmo propósito foram fundados por imigrantes italianos no período, mas sofreram seguidas derrotas nas primeiras partidas, o que desmotivou os associados e culminou com o encerramento precoce das atividades. O Palestra Itália, representado pelas três cores da bandeira do país europeu, procurou seguir outro caminho.
Nos primeiros meses de vida, o novo clube tratou de recrutar atletas e treinar. Para atrair jogadores, a agremiação anunciou os treinamentos por meio do jornal Fanfulla, dedicado aos imigrantes italianos, e promoveu um torneio interno com a finalidade de selecionar os melhores.
Após uma série de treinos no campo da rua Major Maragliano, o Palestra Itália finalmente estreou e ganhou do Savoia por 2 a 0, já em janeiro de 1915, em Sorocaba. Na temporada inicial, o clube disputou apenas três amistosos e três jogos com 15 minutos de duração, pela Taça Caridade.
Na época, a Liga Paulista de Futebol (LPF) e a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) disputavam o controle do esporte em São Paulo. Para o recém-criado Palestra Itália, não foi fácil conseguir o direito de disputar o primeiro jogo oficial de sua história.
“O Palestra não tinha obtido ainda um lugar digno da importância conseguida, do desejo e das aspirações de todos os palestrinos, pois que se apresentava sempre mais difícil, se não propriamente impossível, a sua admissão na Apea”, afirmou o fundador Luigi Cervo em discurso proferido durante as comemorações do 25º aniversário do clube.
Em 1916, o Scotch Wanderers acabou desfiliado pela Apea por dividir a renda de suas partidas entre os jogadores, algo proibido nos tempos do amadorismo. Com a exclusão da equipe, o Palestra Itália viu a oportunidade de participar do campeonato organizado pela entidade e, para isso, precisou agir nos bastidores.
A Apea costumava usar o campo do Velódromo. Na época, a prefeitura requisitou o terreno para a construção de uma rua e deixou a entidade esportiva em apuros. Em troca de sua inclusão, o Palestra Itália se comprometeu a contribuir financeiramente com a remodelação do Estádio da Floresta – os associados, inclusive, transportaram as antigas arquibancadas do Velódromo ao local.
Na noite de 21 de fevereiro de 1916, em assembleia geral extraordinária, a Apea oficializou a desfiliação do Scotch Wanderers e, por unanimidade, a incorporação do Palestra Itália ao quadro efetivo. Paulistano, Santos, São Bento, Associação Atlética das Palmeiras, Ypiranga e Mackenzie completaram os participantes do Campeonato Paulista, sediado no Estádio da Floresta, na área hoje ocupada pelo Centro Esportivo e de Lazer Tietê.
Há exatos 100 anos, com a Cruz de Savoia no uniforme, Fabbrini, Grimaldi, Bianco, Ricco, Fabbi II, De Biasi, Gobato, Valle II, Vescovini, Bernardini e Severino representaram o Palestra Itália no empate por 1 a 1 com o Mackenzie. Gobato marcou o gol, Ricco foi o capitão e Giuseppe Roberti, o técnico.
O empate diante do Mackenzie, então vice-campeão paulista, foi considerado um bom resultado pelo jovem Palestra Itália. Vescovini, com passagem pelo poderoso Paulistano, e Bianco, ex-jogador do Corinthians, eram os únicos atletas conhecidos da equipe.
Presente na partida contra o Mackenzie, Bianco Spartaco Gambini integra a galeria de ídolos históricos, embora tenha sido campeão paulista pelo Corinthians em 1914. Autor do primeiro gol da vida do Palestra Itália (contra o Savoia), ele ganhou três estaduais pelo clube como jogador e um como técnico. Foi capitão, fez 284 jogos de 1915 a 1929 e defendeu a seleção.
O Palestra Itália terminou a edição de 1916 do Campeonato Paulista na 6ª colocação, à frente apenas da Associação Atlética das Palmeiras. No ponto alto da campanha, a equipe venceu o Santos por 4 a 2 e conseguiu o primeiro triunfo em clássicos de sua história.
Na época, o Palestra Itália vivia um período marcado por seguidas trocas de presidente. Após terminar com o vice estadual nas temporadas de 1917 e 1919, o jovem time conquistou seu primeiro título oficial ao bater o tetracampeão Paulistano na decisão do Paulista de 1920, com Bianco Spartaco Gambini em campo.